Grupo C - Segundo Ano 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tesouro das águas

Estudos químicos e bioquímicos de ascídias têm levado a caracterização de uma série de compostos com propriedades farmacológicas. A principal aplicação terapêutica tem sido como agente antitumoral.
Yondelis (trabectedin) é um novo agente antitumoral de origem marinha, retirado de Ecteinascidia turbinata, uma ascídia colonial. Está atualmente na fase III de ensaios clínicos e passará a ser comercializado em todo o mundo. Está sendo testado em casos de câncer de ovário, sarcomas de tecidos moles, câncer de endométrio, câncer de mama, câncer de próstata, câncer de pulmão e microcíticos e sarcomas pediátricos.
Aplidin é outro agente antitumoral obtido a partir de ascídias. Foi inicialmente isolado da espécie Aplidium albicans e atualmente é totalmente sintetizado. Se encontra em avaliação clínica de fase II para neoplasias malignas sólidas e hematológicas (mieloma múltiplo, linfoma não Hodgkiniano, leucemia linfoblástica aguda). Estudos de fase I pediátricos têm sido conduzidos para tumores sólidos.


O estudo da ascídia do gênero Botryllus sp tem ajudado a esclarecer como são as funções do vírus da AIDS.
Agentes anti - HIV, obtidos a partir de compostos encontrados em ascídias - especialmente Didemnum sp, estão sendo desenvolvidos em muitas partes do mundo.
No esôfago da ascídia Styela clava existem células endócrinas que secretam um hormônio semelhante à insulina humana.


Elementos presentes nas ascídias e suas atribuições clínicas
Cobre
Ajuda a prevenir anemia e calvície
Fortalece o sistema imunológico
Selenium
Ajuda e prevenir diabetes, arteriosclerose e algumas formas de câncer
Efetivo antioxidante
Fortalece o sistema imunológico
Agente antiangínico
Vanadium
Ameniza o diabetes mellitus





A ciência amplia a busca de substâncias extraídas de organismos de mares e rios benéficas à saúde humana
Mônica Tarantino


O fundo do mar esconde um
tesouro maior do que se pode
imaginar. E não se trata de mais
uma lenda ou tampouco de fortunas perdidas em porões de galeões naufragados. Ele está guardado na forma de moléculas – com potencial uso medicinal – presentes em peixes, crustáceos, algas e pepinos-do-mar, entre outros elementos do oceano. E tem chance de se transformar em matéria-prima de novos medicamentos e vacinas. Confirmados os poderes dessas moléculas, o tesouro pode valer bilhões de reais.

Recursos – Por isso, numerosas instituições de pesquisa brasileiras e internacionais estão investindo no rastreamento farmacológico do fundo do mar,
um campo de estudo em expansão. Em vários países, grupos de cientistas estão testando novos compostos originários do oceano que apresentam propriedades antitumorais, antiinflamatórias e até antibióticas. Muitos desses avanços serão discutidos durante a 4ª Conferência Européia sobre os Recursos do Mar, a ser realizada em setembro, em Paris, com a participação de diversas instituições.
Hoje já existem alguns medicamentos oriundos dos mares. A citarobina, por exemplo, princípio ativo tradicionalmente usado no tratamento de leucemias e linfomas, foi extraída de substâncias tóxicas produzidas por uma esponja que
habita a costa do Caribe.

A última novidade, ainda no forno, é um medicamento contra tumores de alguns tecidos (como gordura e tendões) desenvolvido pela companhia espanhola PharmaMar em parceria com a americana Johnson & Johnson. O Yondelis, como a droga foi batizada, é feito a partir de uma substância retirada das ascídias ou tunicados, família de animais marinhos invertebrados. “É um remédio promissor”, diz o oncologista Gilberto Schwartzman, que testou o produto em seis pacientes no Rio Grande do Sul. Até o final do ano, os fabricantes solicitarão a liberação do medicamento pelas agências européia e americana que regulamentam remédios (Emea e FDA, respectivamente). A previsão é comercializá-lo em 2006. Esperando colher muitos frutos a partir dos recursos marinhos, a PharmaMar aposta pesado nessa fonte. A empresa já investiu 216 milhões de euros na pesquisa e criação de novos fármacos produzidos com base em moléculas tiradas de substâncias usadas por animais marinhos para se defender de agressores.

Coágulo – As universidades brasileiras também estão envolvidas nesse esforço mundial de caça a novos bioativos. No mês passado, um grupo de cientistas anunciou o resultado positivo de testes realizados para comprovar a ação anticoagulante de moléculas tiradas de tunicados. Elas ajudam a impedir a formação dos coágulos no sangue que levam ao entupimento dos vasos sangüíneos e a complicações como o infarto e o derrame, entre outras. Funcionariam como a heparina, substância anticoagulante presente no corpo humano e que já foi sintetizada em forma de medicamentos. “Testados em animais, esses compostos têm menos efeitos colaterais, hemorragia entre eles, do que heparinas mais antigas e tradicionais”, comemora o bioquímico Mauro Pavão, coordenador da equipe que identificou a substância na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os pesquisadores também estão avaliando a potente ação antiinflamatória dessas moléculas e seu poder de bloquear a expansão do câncer (metástase) em animais.

Na verdade, muitos organismos do mar têm qualidades anticoagulantes, como
a pele da arraia, as algas marrons e os vôngoles, estes dois últimos portadores
das maiores doses de substâncias com essa propriedade tiradas do mar. Em
São Paulo, a pesquisadora Elaine Baú, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), constatou também a presença de compostos com esta qualidade na
pele de um atum abundante na costa brasileira. Em Natal, a equipe do bioquímico Elizeu dos Santos, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, achou esses valiosos anticoagulantes na cabeça do camarão. Diferentemente dos outros habitantes do mar, mais difíceis de serem coletados em grande volume, o atum e
o camarão têm mais chances de se tornar bons fornecedores de matéria-prima
para a confecção de medicamentos. “Ambos são descartados pela indústria pesqueira”, justifica Santos.

Doença de Chagas – Em outra linha de pesquisa promissora, cientistas do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, identificaram substâncias bactericidas no muco de peixes de água doce nativos do País, como o pacu, o tambaqui e o tambacu (cruzamento das duas espécies anteriores). Semelhante a uma gelatina, esse muco é produzido pelos peixes para que eles se defendam de bactérias e outros microorganismos. Por enquanto, os compostos foram testados apenas em animais, mas os pesquisadores estão animados. “É uma alternativa à produção de novos antibióticos para combater bactérias com resistência aos remédios conhecidos”, diz Salvatore De Simone, chefe do Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos do Instituto Oswaldo Cruz. Segundo ele, nos peixes estudados também foram localizados elementos com ação antiparasitária. “Eles matam o Trypanossoma cruzi, causador da doença de Chagas”, explica. A próxima etapa é examinar o desempenho das moléculas no organismo humano, o que deve ocorrer até o fim do ano. O objetivo é descobrir a ação contra a Mycobacterium tuberculosis, responsável pela tuberculose, e contra o Staphylococus aureus, um dos principais causadores de infecção hospitalar. Acredita-se que mais peixes possuam essas propriedades. Nos Estados Unidos apurou-se, por exemplo, que moléculas existentes no muco do bagre africano também têm efeito sobre microorganismos que adoecem humanos.

Demanda – Descoberto o tesouro, no entanto, é necessário saber usá-lo com sabedoria. “As fontes de anticoagulantes e de outras substâncias precisam estar disponíveis em criadouros. Caso contrário, espécies serão extintas”, alerta o bioquímico Santos. Há quem já esteja pensando no futuro. Recentemente, a pesquisadora Helena Nader, da Unifesp, foi consultada pelo Instituto Americano de Saúde para avaliar projeto de uma empresa americana de produção de anticoagulantes feitos a partir de moléculas extraídas do camarão, que é produzido em grandes quantidades em criadouros no Havaí. “Dei parecer favorável. A indústria precisa investir na produção de fármacos a partir de fontes do mar. Melhor seria que isso fosse feito no Brasil. A demanda por eles vai crescer, entre outros motivos, porque aumenta a população de idosos e a necessidade de prevenir doenças cardiovasculares”, afirma. A opinião dela tem peso. Na década de 70, Helena e o bioquímico Carl Dietrich desenvolveram as bases que permitiram o surgimento do tipo de heparina mais usada no mundo.



FONTE:http://zoo.bio.ufpr.br/ascidia/ascidias_saude_humana.htm
http://www.istoe.com.br/reportagens/8562_TESOURO+DAS+AGUAS?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage


ISIS MOCNY COUTINHO

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